Nos últimos anos, temos visto um fenômeno preocupante: a transformação de algumas igrejas em verdadeiros centros de entretenimento, parecidos com shoppings. Com ambientes climatizados, cafés, livrarias, palcos com luzes e estrutura profissional de som, o objetivo parece ser atrair pessoas a qualquer custo — mas qual tem sido o custo espiritual disso?
A proposta original da igreja sempre foi ser um espaço de adoração, ensino da Palavra, comunhão entre irmãos e transformação de vidas. No entanto, à medida que o culto se torna um espetáculo, a mensagem central do evangelho vai sendo diluída. Pregações profundas são substituídas por discursos motivacionais; a reverência dá lugar ao consumo rápido de experiências religiosas; e a busca por Deus é trocada por uma busca por conforto.
Essa “igreja shopping” atende às expectativas da sociedade de consumo: tudo precisa ser atrativo, rápido e prazeroso. Mas o discipulado cristão exige entrega, arrependimento, comunhão, serviço. Não é um produto, mas um chamado.
A fé cristã precisa resistir à tentação do marketing vazio e lembrar que o evangelho continua sendo o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê — e isso nunca foi, e nunca será, um espetáculo.
📖 Pergunta para refletir:
Estamos atraindo pessoas para Cristo ou para uma experiência de consumo religioso?
O perigo da “fé pop”
Vivemos na era da imagem, da velocidade e do consumo. E algumas igrejas, para não “perderem espaço no mercado espiritual”, têm adotado formatos de entretenimento para atrair público. Cultos se parecem com shows, pastores viram influenciadores, e a Palavra é adaptada para não ofender, apenas confortar.
Mas o evangelho nunca foi sobre agradar. Como disse o apóstolo Paulo:
“Pois, acaso, procuro eu agora o favor dos homens ou o de Deus? […] Se ainda estivesse procurando agradar a homens, não seria servo de Cristo.”
(Gálatas 1:10)
📖 Pergunta para refletir:
Será que estamos moldando o evangelho à cultura ou moldando a cultura com o evangelho?
Jesus atraiu multidões, mas não para vender algo. Ele as desafiava ao arrependimento, ao discipulado e à cruz. Ao transformar a igreja num “shopping espiritual”, corre-se o risco de atrair clientes, mas não formar discípulos.

A casa de Deus ou um centro de consumo?
Em Mateus 21:12-13, Jesus expulsa os cambistas do templo e declara:
“Está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração’; mas vocês estão fazendo dela um covil de ladrões!”
Quando a igreja prioriza a venda de produtos, a arrecadação e o marketing acima da oração, da pregação fiel e do cuidado com os necessitados, ela está repetindo o erro dos comerciantes do templo. O lucro não é pecado em si, mas quando ele se torna o foco, a missão se perde.
📖 Versículo de apoio:
“Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro.” (Mateus 6:24)
📖 Pergunta para refletir:
Que tipo de “negócio” estamos permitindo dentro do templo?
Estratégia sim, superficialidade não
É claro que usar ferramentas modernas — redes sociais, boa estrutura, conforto, som de qualidade — pode ser positivo. O problema está no coração da proposta: o foco é Cristo ou a performance? A Palavra é proclamada com fidelidade ou moldada para agradar?
Estratégias são bem-vindas, desde que não substituam a essência do evangelho. João Batista pregava no deserto, sem palco ou LED, e impactou uma geração. O poder não está na forma, mas na verdade que se prega.
“O meu povo está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento.” (Oséias 4:6)
📖 Pergunta para refletir:
Nossas estratégias comunicam o evangelho ou distraem dele?
O que dizem líderes e pastores sobre isso?
Diversos pastores e líderes cristãos têm se posicionado nas redes sociais sobre esse assunto. Alguns alertam que o excesso de entretenimento nos cultos gera crentes imaturos e desinteressados pela Bíblia. Outros admitem que muitas igrejas estão adaptando sua liturgia para reter público — mas acabam perdendo a essência.
Pastores como Paulo Júnior, Hernandes Dias Lopes e Augustus Nicodemus têm criticado abertamente esse movimento de “mercantilização da fé”, reforçando a necessidade de um retorno às Escrituras, à pregação expositiva e à simplicidade da igreja primitiva.
“O púlpito não é lugar de performance, é lugar de proclamação.” — Pr. Paulo Júnior
📖 Pergunta para refletir:
Qual a voz que estamos ouvindo mais: a dos algoritmos ou a do Espírito Santo?
Conclusão: Que igreja estamos construindo?
A verdadeira igreja é o corpo de Cristo. E ela cresce quando está fundamentada na Palavra, cheia do Espírito e comprometida com a missão de fazer discípulos — e não consumidores.
Que possamos, como igreja, discernir os tempos e usar os recursos disponíveis com sabedoria, sem abrir mão da verdade. Porque, no fim, não fomos chamados para vender uma experiência, mas para anunciar a salvação.
A fé cristã precisa resistir à tentação do marketing vazio e lembrar que o evangelho continua sendo o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê — e isso nunca foi, e nunca será, um espetáculo.
“Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês.”
(Romanos 12:1)